
Alguns autores afirmam que Maria era filha de Eli, mas a genealogia fornecida por Lucas alista o marido de Maria, São José, como "filho de Eli". A Cyclopædia (Ciclopédia) de M'Clintock e Strong (1881, Vol. III, p. 774) diz: "É bem conhecido que os judeus, ao elaborarem suas tabelas genealógicas, levavam em conta apenas os varões, rejeitando o nome da filha quando o sangue do avô era transmitido ao neto por uma filha, e contando o marido desta filha em lugar do filho do avô materno (Números 26:33, Números 27:4-7)." Possivelmente por este motivo Lucas diz que José era «filho de Eli» (Lucas 3:23).
De acordo com o costume judaico aos três anos, Maria teria sido apresentada no Templo de Jerusalém, é também da tradição que ali teria permanecido até os doze anos no serviço do Senhor, quando então teria morrido seu pai, São Joaquim.
É dezenove vezes citada no Novo Testamento, entre elas: «A virgem engravidará e dará à luz um filho ... Mas José não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus.» (Mateus 1:23-25), "Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. ... será chamado Filho do Altíssimo." Maria pergunta ao anjo Gabriel: "Como acontecerá isso, se sou virgem [literalmente: se não conheço homem]?" O anjo respondeu: «O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado santo, Filho de Deus.» (Lucas 1:26-35).
O aparecimento do arcanjo Gabriel, e anúncio de que seria ela a mãe do Filho de Deus, o prometido Messias (ou Cristo). (Luas 1:26-56 a Lucas 2:1-52; compare com Mateus 1:2).
A visitação à sua prima Santa Isabel e o Magnificat (Lc. 1,39-56).
O nascimento do Filho de Deus em Belém, a adoração dos pastores e dos reis magos (Lc. 2,1-20). A Sua purificação e a apresentação do Menino Jesus no templo (Lc. 2,22-38).
À procura do Menino-Deus no templo debatendo com os doutores da lei (Lc. 2,41-50).
Meditando sobre todos estes fatos (Lc. 2,51).
Nas bodas de Casamento em Caná, na Galiléia. (João 2:1-11)
À procura de Cristo enquanto este pregava e o elogio que Lhe faz (Lc. 8,19-21) e (Mc. 3, 33-35).
Stabat Mater - Ao pé da Cruz quando Jesus aponta a Maria como mãe do discípulo e a este como seu filho (Jo, 19,26-27).
Depois da Ascensão de Cristo aos céus, Maria era uma das mulheres que estavam reunidas com restantes discípulos no derramamento do Espírito Santo no Pentecostes e fundação da Igreja Cristã. (Atos 1:14; Atos 2:1-4)
E não há mais nenhuma referência ao seu nome nos restantes livros do Novo Testamento, salvo em Lucas (11, 27-28): Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram.
Palavras de Maria
Nos Evangelhos Maria faz uso da palavra por sete vezes, três delas dirigidas ao Anjo da Anunciação, o Magnificat em resposta a Isabel, duas dirigidas ao seu Filho e uma só e última vez dirigida aos homens (aos servos das bodas de Caná) que a Igreja Católica conserva com todo o valor de um testamento:
Como poderá ser isto, se não conheço varão? (Lc. 1,34).
"Eis a escrava do Senhor"...(Lc. 1,38).
"Faça-se em mim segundo a tua palavra." (Lc. 1,38)
"A minha alma engrandece o Senhor." (Lc. 1,46-55)
"Filho, porque fizeste isto conosco? eis que teu pai e eu te procurávamos angustiados." (Lc. 2,48).
"Não têm mais vinho"... (Jo. 2,3).
"Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo.2,5).
Palavras dirigidas a Maria
Nos Evangelhos por oito vezes a palavra é dirigida a Maria:
A saudação do anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo. (Lc.1,28).
O anúncio da Encarnação: Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus. (Lc. 1,30-33).
Por obra e graça do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do altísimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o que nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lc. 1,35-37).
Simeão Lhe fala da espada que trespassará o coração: ...e uma espada trespassará a tua própria alma a fim de que se descubram os pensamentos de muitos corações. (Lc. 2,34).
Isabel ao responder à sua saudação: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! (Lc.1, 42-45).
O Menino-Deus a responde no templo: Por que me buscáveis? Não sabíeis que devo ocupar-me nas coisas de meu Pai? (Lc. 2,49)
Cristo em Caná, com uma evasiva: Mulher que há entre ti e mim? Ainda não chegou a minha hora. (Jo.2,4) e
Por Cristo na Cruz: Jesus, vendo a sua Mãe e, junto dEla, o discípulo que amava, disse à sua Mãe: "Mulher, eis aí o teu filho." Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua Mãe." E daquela hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (Jo. 19,26-27).
A Dormição
Não há registros históricos do momento da morte de Maria. Diz a tradição cristã que ela teria morrido (Dormição da Virgem Maria) no ano 42 d.C., sendo seu corpo depositado no Getsêmani.
Desde os primeiros séculos, usou-se a expressão dormitação, do lat. dormitáre, em vez de "morte". Alguns teólogos e mesmo santos da Igreja Católica, por devoção, sustentam que Maria não teria morrido, mas teria "dormitado" e assim levada aos Céus; outra corrente, diversamente, sustenta que não teria tido este privilégio uma vez que o próprio Jesus passou pela morte. Do ponto de vista oficial do magistério a Igreja Católica, sobre esta matéria, nunca se pronunciou, o que coloca o tema na livre devoção dos fiéis. Reservou-se ao dogma apenas o tema da Assunção em si.
Sobre a dormição de Maria, entretanto, Jão Paulo II assim se manifestou: (...) O Novo Testamento não dá nenhuma informação sobre as circunstâncias da morte de Maria. Este silêncio induz supor que se produziu normalmente, sem nenhum fato digno de menção. Se não tivesse sido assim, como teria podido passar desapercebida essa notícia a seu contemporâneos sem que chegasse, de alguma maneira até nós?
No que diz respeito às causas da morte de Maria, não parecem fundadas as opiniões que querem excluir as causas naturais. Mais importante é investigar a atitude espiritual da Virgem no momento de deixar este mundo. A este propósito, São Francisco de Sales considera que a morte de Maria se produziu como efeito de um ímpeto de amor. Fala de uma morte "no amor, por causa do amor e por amor" e por isso chega a afirmar que a Mãe de Deus morreu de amor por seu filho Jesus (Tratado do Amor de Deus, Liv. 7, cc. XIII-XIV).
Qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, do ponto de vista físico, Lhe tenha produzido a morte, pode-se dizer que o trânsito desta vida para a outra foi para Maria um amadurecimento da graça na glória, de modo que nunca melhor que nesse caso a morte pode conceber-se como uma "dormição". (...) (João Paulo II, A dormição da Mãe de Deus. Audiência geral de 25 de junho de 1997).
Dogma
Na da Igreja Católica, Maria está associada aos seguintes dogmas de fé:
Maternidade Divina – Proclamado pelo Concílio de Éfeso em 431, como sendo a "Mãe de Deus" (em grego Theotokos).
Virgindade Perpétua - Virgem antes, durante e depois do parto.
Santidade absoluta - Cheia de graça (gratia plena) por toda a sua existência.
Imaculada Conceição – Concebida sem a mancha do pecado original. O Papa Pio IX, na BulaIneffabilis Deus, fez a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição, aos 8 de dezembro de 1854.
Assunção aos Céus – Refere-se à elevação de Maria em corpo e alma ao Céu. Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII em 1 de Novembro de 1950, na encíclica Munificentissimus Deus.
As igrejas ortodoxas na sua maioria aceitam estes mesmos dogmas. As confissões protestantes não os aceitam outras mostram-se reticentes sobre o tema. As igrejas ortodoxas na sua maioria aceitam estes mesmos dogmas. As confissões protestantes não os aceitam outras mostram-se reticentes sobre o tema.
Virgindade Perpétua
Sobre este tema, especificamente, discorreu na antiguidade, Ambrósio de Milão, por volta do ano 391 ou 392, na obra De Institutione Virginis, em que se ocupa em defender a virgindade perpétua de Maria, contra algumas vozes que se levantavam na época contra esta prerrogativa que Lhe é reconhecida por algumas igrejas cristãs.
Sobre a virgindade de Maria, os cristãos católicos, protestantes e ortodoxos crêem que Maria deu à luz sendo ela ainda virgem, mas apenas a Igreja Católica e os ortodoxos crêem que Maria ficou perpetuamente virgem. A confirmação da sua virgindade no nascimento de Cristo está ligada à profecia de Isaías 7:14.
Imaculada Conceição
Na bula dogmática Ineffabilis Deus, foi feita a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição; nela disse Pio IX: (...) que a doutrina que defende que a beatíssima Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original desde o primeiro instante da sua concepção, por singular graça de privilégio de Deus omnipotente e em atenção aos merecimentos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi revelada por Deus e que, por isso deve ser admitida com fé firme e constante por todos os fiéis.
Em 8 de setembro de 1953, Pio XII através da Carta encíclica Fulgens corona anunciou a celebração do Ano Mariano comemorativo do primeiro centenário da definição do dogma da "Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria".